terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Os Lusíadas - contextualização I


Contexto de realização da epopeia lusíada

Ambiente histórico – Portugal vive o apogeu do domínio do mundo devido à empresa dos descobrimentos. Já tinha sido manifestada a necessidade de registar os feitos gloriosos dos portugueses.

Ambiente cultural – O incentivo do renascimento cultural através do conhecimento da Antiguidade Clássica e suas epopeias estimula à criação de uma epopeia nacional que  enaltecendo os heróis nacionais, tem como base as epopeias já existentes.

Fontes – Os humanistas pretendem com a utilização dos modelos clássicos mostrar que os heróis Antigos não são superiores aos modernos. Por isso é que se diz que a epopeia de Camões ultrapassou as da Antiguidade Clássica pela universalidade dos feitos portugueses, pelo culto da língua nacional e pela noção humanista de pátria.
            Para além das epopeias clássicas Ilíada e Odisseia de Homero e Eneida de Virgílio, Camões apoia-se em fontes literárias como Garcia de Resende e António Ferreira e em fontes históricas como Fernão Lopes e João de Barros entre outros.

O Renascimento surge no séc. XVI devido em grande parte à expansão portuguesa que desvendou outras terras alargando o conhecimento do mundo e do homem dando primazia à observação e à experiência em detrimento do saber livresco. Esta época  define um período histórico-cultural em que há uma ruptura com as trevas em que se vivia na Idade Média. Surge desta forma uma nova era em que o homem se desliga do jugo de Deus. O homem torna-se a medida de todas as coisas, assim sendo, o centro do mundo passa a ser o homem e não Deus (passa-se do teocentrismo para o antropocentrismo), acredita-se na vitória do homem contra a natureza e na sua capacidade de ultrapassar todos os obstáculos. As raízes da nova era serão:
a)     a vitória dos homens contra os deuses, que personificam os limites opostos pela tradição à iniciativa humana;
b)     a confiança na capacidade humana para dominar a natureza;
c)     a concepção da natureza como um ser vivo, e, virtualmente, de Deus como uma imanência;
d)     a crença na bondade da natureza;
e)     a identificação da lei da razão com a lei da liberdade;
f)       a proscrição da própria noção de pecado.

O mundo em que se movem os deuses de Camões é puramente humanista já que não se pode imaginar nada mais de menos católico e menos feudal. No entanto, esses deuses presidem ao destino dos heróis que se propõem a dilatar a Fé. O Humanismo é uma corrente de pensamento ligada ao Renascimento. O humanista acredita que o homem é o centro do mundo, que pode dominar os deuses e a natureza, que o pecado não regula mais a vida do ser humano e que os ideais clássicos devem ser reaprendidos.
           
O Renascimento decorre do espírito humanista, havendo, por isso mesmo, a necessidade de reler os clássicos, não numa leitura simbólica ao serviço dos dogmas religiosos, para poder atingir o seu real conteúdo ideológico, psicológico e científico, ressuscitando assim a literatura greco-latina que estivera moribunda na Idade Média. Existe pois um escrupuloso desejo de restituir os textos à pureza original dos textos antigos. Este movimento é ainda caracterizado pelo seu espírito crítico.
           
O Classicismo é antes de mais a imitação dos géneros greco-latinos e de toda a sua perfeição. Caracteriza-se ainda por valorizar a imitação da natureza e dos modelos greco-latinos, o equilíbrio entre o conteúdo rico numa forma perfeita e a arte de carácter universal. É o entusiasmo perante tudo o que é antigo e a adopção dos seus valores, a nível do pensamento, da escrita, da arte e da religião.

Sem comentários:

Enviar um comentário