Contexto de realização da epopeia lusíada
Ambiente
histórico – Portugal vive o apogeu do domínio do mundo devido à empresa
dos descobrimentos. Já tinha sido manifestada a necessidade de registar os
feitos gloriosos dos portugueses.
Ambiente
cultural – O incentivo do renascimento cultural através do conhecimento
da Antiguidade Clássica e suas epopeias estimula à criação de uma epopeia
nacional que enaltecendo os heróis
nacionais, tem como base as epopeias já existentes.
Fontes – Os
humanistas pretendem com a utilização dos modelos clássicos mostrar que os
heróis Antigos não são superiores aos modernos. Por isso é que se diz que a
epopeia de Camões ultrapassou as da Antiguidade Clássica pela universalidade
dos feitos portugueses, pelo culto da língua nacional e pela noção humanista de
pátria.
Para além das epopeias clássicas Ilíada
e Odisseia de Homero e Eneida de Virgílio, Camões apoia-se em
fontes literárias como Garcia de Resende e António Ferreira e em fontes
históricas como Fernão Lopes e João de Barros entre outros.
O
Renascimento surge no séc. XVI devido em grande parte à expansão portuguesa que
desvendou outras terras alargando o conhecimento do mundo e do homem dando
primazia à observação e à experiência em detrimento do saber livresco. Esta
época define um período
histórico-cultural em que há uma ruptura com as trevas em que se vivia na Idade
Média. Surge desta forma uma nova era em que o homem se desliga do jugo de
Deus. O homem torna-se a medida de todas as coisas, assim sendo, o centro do
mundo passa a ser o homem e não Deus (passa-se do teocentrismo para o
antropocentrismo), acredita-se na vitória do homem contra a natureza e na sua
capacidade de ultrapassar todos os obstáculos. As raízes da nova era serão:
a) a vitória
dos homens contra os deuses, que personificam os limites opostos pela tradição
à iniciativa humana;
b) a
confiança na capacidade humana para dominar a natureza;
c) a
concepção da natureza como um ser vivo, e, virtualmente, de Deus como uma
imanência;
d) a crença
na bondade da natureza;
e) a
identificação da lei da razão com a lei da liberdade;
f) a
proscrição da própria noção de pecado.
O
mundo em que se movem os deuses de Camões é puramente humanista já que não se
pode imaginar nada mais de menos católico e menos feudal. No entanto, esses
deuses presidem ao destino dos heróis que se propõem a dilatar a Fé. O
Humanismo é uma corrente de pensamento ligada ao Renascimento. O humanista
acredita que o homem é o centro do mundo, que pode dominar os deuses e a
natureza, que o pecado não regula mais a vida do ser humano e que os ideais
clássicos devem ser reaprendidos.
O
Renascimento decorre do espírito humanista, havendo, por isso mesmo, a
necessidade de reler os clássicos, não numa leitura simbólica ao serviço dos
dogmas religiosos, para poder atingir o seu real conteúdo ideológico,
psicológico e científico, ressuscitando assim a literatura greco-latina que
estivera moribunda na Idade Média. Existe pois um escrupuloso desejo de
restituir os textos à pureza original dos textos antigos. Este movimento é
ainda caracterizado pelo seu espírito crítico.
O
Classicismo é antes de mais a imitação dos géneros greco-latinos e de toda a
sua perfeição. Caracteriza-se ainda por valorizar a imitação da natureza e dos
modelos greco-latinos, o equilíbrio entre o conteúdo rico numa forma perfeita e
a arte de carácter universal. É o entusiasmo perante tudo o que é antigo e a
adopção dos seus valores, a nível do pensamento, da escrita, da arte e da
religião.
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