Caracterização de Inês de Castro

Caracterização de personagens

            Para fazeres uma boa caracterização de personagens deves seguir os passos seguintes:

1. - Ler com muita atenção o texto/excerto apresentado, fazendo uma leitura ativa do mesmo, ou seja, sublinhar todas as expressões que façam uma caracterização física e psicológica da personagem (de preferência e para te organizares melhor faz os sublinhados a cores diferentes), tendo em atenção que a caracterização surge de forma direta e indireta (ou seja, tens que interpretar as atitudes das personagens, pois estas facultam-te informações importantíssimas) e escrever ao lado dos sublinhados o significado de cada uma das caracterizações;

3. – Escrever um texto organizado (começando com as características físicas e só depois as psicológicas, ou vice-versa) com introdução (apresentação sucinta da personagem), desenvolvimento (referência a todas as características com exemplos textuais e justificações necessárias) e conclusão (apanhado geral da personalidade da personagem).

4. – Reler o texto escrito, a fim de verificar a correção na estrutura frásica, organização de texto e erros ortográficos.

            Exemplo prático – Episódio de Inês de Castro – Caracterização de Inês

Levantamentos textuais:

                  Caracterização física: «linda Inês»; «fermosos olhos»; «fraca dama delicada» e «donzela/fraca e sem força» - relacionam-se com o facto de Inês ser jovem «donzela» e ser elegante, frágil e de gestos delicados/femininos; «pálida donzela,/Secas do rosto as rosas e perdida/A branca e viva cor» - D. Inês tinha a pele muito branca e as faces rosadas. 

                  Caracterização psicológica: «posta em sossego» - aparenta serenidade; «Naquele engano de alma ledo e cego/Que a fortuna não deixa durar muito» - a sua felicidade, que a deixa cega de amor, não irá durar para sempre; «o nome que no peito escrito tinhas» - revelação do amor que sentia por D. Pedro; «lembranças que na alma lhe moravam» e «memórias de alegria» - reportam-se às saudades que D. Inês tinha do seu amado e aos momentos de felicidade que viveram; «tristes e piedosas vozes, /Saídas só da mágoa e saudade/Do seu Príncipe e filhos, que deixava,/Que mais que a própria morte a magoava» - para além de se referir às saudades de D. Inês, revela a sua dádiva e coragem ao dizer que temia mais a saudade e a mágoa de perder os seus filhos e amado, do que propriamente de morrer; «cuja orfindade como mãe temia» - amor aos seus filhos e vontade de os proteger; «co amor intrínseco e vontade/Naquele por quem mouro» e «ao duro sacrifício se oferece» dá-se à morte por amor.  

Produção de texto

                  D. Inês era uma mulher jovem e formosa, que vivia intensamente o amor que a unia a D. Pedro e aos filhos de ambos, amor esse que a leva à morte.

                  De pele/tez muito «branca», faces rosadas, olhos «fermosos» e meigos, Inês aparentava uma grande serenidade, já que estava «posta em sossego... colhendo doce fruito», e uma delicadeza frágil, por isso é caracterizada como «fraca dama delicada». Esta tranquilidade era um «engano de alma», na medida em que passava muito tempo sozinha, vivendo de «lembranças que na alma lhe moravam» e «memórias de alegria», daquele que «o nome [...] no peito escrito» tinha. Embora fosse uma «donzela/ fraca e sem força» enfrentou o Rei e os carrascos com o seu discurso com o intuito de sensibilizar o Rei provocando a sua piedade e benevolência. No seu corajoso discurso, Inês revela que teme mais «a mágoa e saudade/Do seu Príncipe e filhos, que deixava,/Que mais que a própria morte a magoava», oferecendo-se, depois de argumentar pela sua própria vida, lembrando o Rei da «orfindade como mãe que temia» e dando outras soluções para o problema, como o «perpétuo e mísero desterro», «ao duro sacrifício» da morte por amor.  

                  Inês foi, pois, uma mulher apaixonada que viveu intensamente o seu amor, mas que por ele morreu, o que fez com que o casal D. Pedro e D. Inês fosse considerado um dos mais belos pares românticos portugueses.