TPC
– Férias do Carnaval
Conto “A
Aia” de Eça de Queirós
2. - Introdução
- Desde "Era uma vez" na
linha 1 até final da linha 8 - Apresentação do rei, da rainha e do filho; o rei
parte para a uma batalha e morre.
Corpo do texto/Desenvolvimento - Desde
3º parágrafo até linha 131 – Após a morte do rei, o seu “irmão bastardo” tenta
matar/raptar o pequeno príncipe para se apoderar do reino, mas a Aia salvou a
criança trocando de berço com o seu próprio filho. O irmão bastardo leva o
escravozinho e os guardas do palácio conseguem matá-lo. Depois disto a Aia é
recompensada pela rainha, podendo escolher o que quiser do tesouro real. A Aia
decide escolher um punhal.
Conclusão - últimos três parágrafos - A
narrativa termina de uma forma trágica, a aia suicida-se para se encontrar com
o seu filho no céu, pois este foi morto em vez do príncipe.
3.- A – as
sequências acontecem respeitando a sucessão de tempo (ocorrem de uma forma
cronológica), por isso a sua articulação é por encadeamento.
4. - A narrativa é fechada, já que sabemos
perfeitamente qual o destino da Aia.
6.1 - Características físicas: “bela e robusta”;
“olhos brilhantes”; Características psicológicas: “leal”; carinhosa; “feliz na
sua servidão”; dedicada, “segura”; perspicaz; decidida; corajosa.
1ª proposta
A Aia é a protagonista deste conto homónimo de Eça
de Queirós.
“Bela
e robusta” de “olhos brilhantes”, a Aia vivia no palácio do seu senhor,
sendo-lhe eternamente “leal” e “feliz na sua servidão”. Mãe de um pequeno bebé
nascido no mesmo dia do principezinho, cuida das duas crianças com o mesmo
carinho, dedicação e amor, pois se um é o dono da sua vida, o outro é o futuro
rei do reino pelo qual ela será capaz de dar a vida. Após a desgraça que se
abateu no palácio, a Aia revela a sua inteligência e perspicácia ao intuir o
que se iria passar e o perigo que o principezinho corria, por isso, segura de
si e decidida decide trocar as crianças de berço de modo a que o “irmão
bastardo do rei” leve consigo o seu próprio filho e não aquele que assumirá no
futuro o palácio. Este ato vai despoletar o seu suicídio, revelando a mulher
corajosa que é que sacrifica a vida do seu filho e a sua própria vida em prol
do reino.
Em
suma, esta personagem pela sua coragem, força e determinação consegue alterar o
futuro que era previsível para aquele reino.
2ª proposta
A Aia, escrava leal de um “senhor
de um reino abundante”, é a personagem central deste conto e por isso toda a
ação depende dela.
A Aia era “bela e robusta”. Esta
serva era uma pessoa muito amável e carinhosa, amava muito o seu filho e tinha
igual amor pelo “principezinho”, criando-os em conjunto com extremo carinho.
Esta fazia tudo o que estivesse ao seu alcance para proteger os seus, o que
revela o seu coração de mãe preocupado e protetor. Esta mulher tinha uma grande
lealdade para com o rei, afirmando-se mesmo que “ela tinha a paixão, a religião
dos seus senhores”, por isso, sofreu imensamente e verdadeiramente a morte do
seu rei, o que mostra a sua humildade e honestidade. Para além disto, esta era uma
pessoa crente que acreditava na vida para além da morte, o que a fazia
acreditar que o seu rei estaria no céu “reinando num outro reino”. Era uma
criada preocupada com o futuro do reino e do príncipe, tratando-o, por isso,
com respeito, amor e com a máxima proteção “como se os braços em que estreitava
o seu príncipe fossem muralhas”, pois temia o tio bastardo. É este medo que faz
com que ela, num ato de coragem, troque os bebés por forma ao príncipe não ser
morto. Esta atitude vale-lhe a aclamação de todo o reino, enquanto ela, “muda e
hirta”, sofre em silêncio a morte do seu filho. No final do conto acaba por se
suicidar, dizendo que tinha “[salvo o seu] príncipe”, e que agora ia “dar de
mamar ao [seu] filho”, negando a riqueza que lhe é oferecida, o que demonstra o
seu bom coração e os seus princípios, nomeadamente, a honestidade e a lealdade
pelos seus.
Conclui-se, assim, que é através
desta personagem e dos seus traços característicos que o reino sobrevive graças
à sua crença na vida para além da morte e da sua lealdade para com o seu reino.
6.1.1 - Na caracterização da Aia foi usado um tipo
de caracterização direta, sobretudo no retrato físico da personagem, e
caracterização direta e indireta no retrato psicológico da Aia, uma vez que
algumas informações são deduzidas dos seus comportamentos.
6.2 “Nascida naquela casa real, ela tinha a paixão, a religião dos seus
senhores.” (l.29)
6.2.1 - A Aia encara os conceitos de vida e de
morte de uma forma distinta das outras personagens existentes no conto. Assim, acredita
que a vida que se tem na terra é continuada após a morte (“Pertencia, porém, a
uma raça que acredita que a vida da Terra se continua no Céu.”), motivo pelo
qual considera que o seu rei está no céu e possui um reino como tinha na terra
e toma a atitude final de se suicidar.
6.2.2 - A Aia, depois de ter escolhido a sua
recompensa, um punhal de um velho rei, todo cravejado de esmeraldas e que valia
uma província, crava-o no coração, suicidando-se.
Esta
atitude deve-se ao facto de depois da Aia ter salvo o príncipe e ter cumprido a
sua missão de salvar o reino do irmão bastardo do rei, poder, agora, ir ter com
o seu filho e para isso esta suicidou-se a fim de o poder "sentir" e
"ouvir" o seu coração a bater.
Esta situação só acontece, pois
esta mulher acredita na continuação da vida para além da morte.
7.1 - 3
7.2 - O determinante "seu" do terceiro
parágrafo refere-se a "filhinho".
7.3 - O tio do “principezinho” assume, desde
início, o cognome de “irmão bastardo do rei”, o que imediatamente o relega para
um plano marginal relativamente àquela família e reino.
Após a
morte do rei, e por não haver um pulso forte que pudesse comandar o trono, o
tio revela-se como o maior adversário e inimigo do pequeno príncipe, sendo
caracterizado por “o mais temeroso”, “homem depravado e bravio, consumido de
cobiças grosseiras, desejando só a realeza por causa dos tesouros, e que havia
anos vivia num castelo sobre os montes, com uma horda de rebeldes, à maneira de
um lobo que, de atalaia, espera a presa", ou seja, este homem constituía
um perigo para o principezinho já que ele desejava o poder e, tal como os
lobos, faria o que fosse preciso para assumir o reino. Esta comparação com os
lobos é particularmente importante, pois estabelece imediatamente uma conotação
com o mal (nos contos tradicionais, o “lobo” é sempre “mau”).
Assim, o
“irmão bastardo do rei” é o maior adversário do principezinho e,
consequentemente, do reino.
8.1 - Para além de um ser filho de um rei e o outro
de um escravo, há outros aspetos que aproximam e que distinguem estas duas
crianças.
Os
aspetos que os aproximam são o facto de os dois terem nascido na mesma noite de
verão, serem tratados e criados pela mesma pessoa da mesma maneira, viverem no
mesmo sítio e partilharem o mesmo quarto. Por oposição, diferenciam-nos o facto
de um ser o herdeiro ao trono e o outro ser um escravo, de terem berços
completamente diferentes, sendo o do príncipe um berço rico e o do filho da aia
um berço pobre e, finalmente, as suas características físicas são igualmente
distintas, na medida em que o “principezinho” tinha olhos azuis e cabelo louro
e o “escravozinho” tinha olhos castanhos e cabelo escuro, muito crespo.
Em suma,
apesar de haver muitos laços que os unem, existem em igual medida aspetos que
distanciam estas duas crianças.
9. - As referências temporais ao longo do conto são
imprecisas, já que nunca se sabe ao certo em que dia, mês ou ano se passa à
ação. Desta forma, é possível exemplificar a imprecisão temporal através das
expressões: “Era uma vez” (expressão típica que inicia o conto e que lhe
confere imediatamente intemporalidade), “A Lua cheia começava a minguar”
(sabemos que se passa de noite e que a lua estava a ficar em quarto
decrescente, no entanto desconhecemos o dia preciso); “havia anos” (não sabemos
quantos); “noite de verão” (não é referida a data, o determinante artigo é
indefinido); “agora” (num presente que não se sabe em que dia é); “uma noite”
(não é referida a data, o determinante artigo é indefinido); “de madrugada”
(referência a uma madrugada sem datação); “já o sol se erguia” e “subiam os
primeiros raios de Sol” (referência ao período da manhã, mas desconhecendo-se o
dia em que ocorre esta ação).
10. - As ações do conto “A Aia” decorreram
sobretudo à noite. Assim, é possível identificar: a partida do rei para a
guerra; o anúncio da morte do rei; o
nascimento do príncipe e do escravo; o ataque ao palácio; a troca das crianças;
as mortes do filho da Aia, do irmão bastardo e da sua horda.
12. - O espaço social onde decorre a ação é a realeza
(e a nobreza), na medida em que a ação se centra no palácio, local onde vive a
Aia.
13. - O narrador é não participante.
14. - O emprego de adjetivos valorativos como
“cobiças grosseiras”, o uso de diminutivos como “criancinha” e de algumas figuras
de estilo como “à maneira de um lobo que, de atalaia, espera a presa”,
comprovam a subjetividade do narrador, uma vez que deixa o leitor antever o seu
juízo de valor.
15. - A - 3; 5; 6; B - 6; C – 4; D -1; E -7; F -2
16. - C
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